setembro 24, 2008

porta do fundo




Este mundo selvagem

Escuro do céu

Rio sem margem

Infinito carrossel

Fim sem viagem

Serei sempre o réu ?

Ou será morta a chama da fogueira insana ?

- Sê tu a flor mais bela em teu jardim

Faz das flores o teu único fim...





setembro 05, 2008

Vale dos vitorianos




Uma vida inteira
nos quadros em exposição

a memória é um museu herético em expansão
até que rompa as entranhas e pinte de vermelho-sangue
as paredes de pau-a-pique da mansão dos mortos,
mesmo sem direção ou horizonte de tempo


referencial algum. apenas paira, e já não há espaço que represente
não tem idade nem amigos. estão todos mortos.

Vocês estão todos mortos!

em seus pregos dependurados em insalubres muros de mofo
suas amorfas cabeças jazem rodeadas de jóias póstumas
de pura ferrugem biliar

os seus castelos sorriem na sombra em bocas verde-musgo
apodrecem em segredo as vaidades das vaidades malevolentes.

"alma: prisão do corpo"

o vale, região obscura e confusa onde vieram
"misturar sua lepra à dos outros"

a beleza rara dos estados de putrefação



"Ora, o que reaparece, no século XIX, são os grupos de dissidência religiosa, de diferentes formas, em diversos países, que têm agora por objeto
o lutar contra a medicalização, reivindicar o direito das pessoas não passarem pela medicina oficial, o direito SOBRE SEU PRÓPRIO CORPO, O DIREITO DE VIVER, DE ESTAR DOENTE, DE SE CURAR, E MORRER COMO QUISEREM..."



(os trechos entre aspas pertencem à obra de Michel Foucault)