junho 30, 2008



ao fim deste poema

não sobrará pérola sobre pedra

pena que a pena não pese mais que o papel

em que desaguo

mortal

a tinta pinta as palavras

escorre a areia da ampulheta

a palavra é a tinta seca

o canto do lobo em direção à lua

pedra

sobre

pedra


junho 29, 2008

Dádivas e Algaravias


calaram os hinos.
tem voz o teor
do sangue derramado.

a luz propaga um arco,
o sol coagulado no tempo
refletia a manhã vermelha
no Horizonte Velho.

ontem e amanhã eternidade são...
somente hoje acaba em vão.

lá é o lugar onde nasci nu,
lá surgem as estrelas.
eu Era quando o sol se levanta...

na noite abandonada dos meus silêncios,

feito em mim o sangue me percorre os espaços.

de outros mundos são meus sonhos

sutilezas esquecidas e bárbaras,

brutais testemunhas de um mundo,

na lembrança em penumbra.

eu tenho ouvido vozes que não são as minhas



junho 25, 2008


Parcela

Deito o ouvido no mundo

Ouço a voz do útero da mãe terra

Deixa eu te mostrar o caminho

pois não sei aonde levará

Sou versado no desconhecido

Danças para a lua, pobre palhaço do antigo circo ?

Ecoam tuas gargalhadas vazias

Pela vazia lona:

Deserto sob o sol ?

Quando chegarem os forasteiros estarei dormindo

Os troncos agora são barcos

mas os rios secaram

Qual o pensamento não cabe na palma da mão ?

Estes teus olhos de negro diamante

Corpo de jade

Perfume das ervas

Ouço pulsar teu coração

a dias de distância

Eu, réu,

julgarei o juiz

libertos serão os pássaros da gaiola

lembrarei quão tristes

seus mudos cantos

no canto da sala

no pranto da cela

para ser livre não há parcela



Ale griz ata até o griz e alvo rubro