julho 13, 2008

Ainda




Aqui

não há meu bem,

não faz mal.


Aqui só há pó

de estrelas,

e é só.


Aqui, nem as sombras se lembraram de aparecer

até os ritos esqueceram o amanhecer

aqui os pássaros sentem o vôo em prosa


só aqui, neste ombro ausente

sobrevoam inauditas aves

um novo pôr-do-sol


aqui, só ossos

somente o que restou da batalha

e ainda a navalha a recortar a pele


mas eu não saio derrotado debaixo de panos

meu espírito está nu

e minha alma condolente

espia dentro da madrugada

com órbita lacrimosa

o teu ADEUS


sei bem que não soubeste o que fazer com teus desejos

e sei também que

a delícia de meus versos que levaste à boca

fora nada mais plumas ao vento


sabe, eu não entendo, depois de tudo, ainda ser esse amor louco o motivo de nossa ruína. As iniciais em nossos olhares. Andavas nas ruas, e nem eras nenhuma Madalena à qual eu reverenciaria por ser, entre as fêmeas, distinta.


minha poesia condolente

através da ferida condensada

de mágoas e vidas

e queixosas pétalas caídas...


...ela emergia das águas, e ia...

eu, a ira e minha alma quase morta

sozinhos dentro do inverno mergulhados

sem fim, sem rumores de prantos dentro do oco que nós somos

por certo, somente o deserto, mas algo mais se anuncia


só que, estas palavras são mais que coisas

elas imagens paixões que o tempo força destruir


e mesmo em ruínas, algo prevalece, ao menos

em mim, este eu decepado, e enfim cura

cura, encontra a cura, e machuca a flor


enforca a delicadeza em chamas, a fúria

esquece, abafa o grito das entranhas

minha, nunca, mas, mais ainda sempre minha amada, adeus


meu espírito está nu

e minha alma condolente

espia dentro da madrugada

com órbita lacrimosa

o teu último ADEUS



Um comentário:

Anônimo disse...

canção linda!